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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Aridez de espírito e tentações

Traduzi um texto lido no Reader, que penso seja útil não somente à moça que o originou. 

CONSOLAR UMA ALMA




Reproduzo uma carta que escrevi a uma moça que me confidenciou de sofrer certa aridez de espírito e, sobretudo, fortes tentações...

Caríssima irmã em Cristo,

(...) Já entendeu que torço muitíssimo por sua vocação religiosa, e, até que eu saiba que abandonou o mundo, lhe confesso que estarei sempre um pouco preocupado por temer que você possa “mudar de ideia”, como, infelizmente, ocorreu com outras pessoas que se deixaram enganar pelas lisonjas do mundo.

Encorajo-a perseverar no caminho do discernimento vocacional, para que possa entender com maior clareza a vontade de Deus para você. Eu, de minha parte, rogarei ao Senhor para que queira tomá-la toda para Si, fazendo-a se tornar Sua esposa. Frequentemente, os homens do mundo traem suas esposas, mas o bom Jesus nunca trai! Ele é Deus e é incapaz de fazer o mal.


Quanto à vida espiritual, Deus, inicialmente, procura capturar as almas fazendo-lhe sentir algumas consolações espirituais durante a oração. Depois de certo período, o Senhor tira essas consolações para provar a alma, ou seja, para ver se ela continua Lhe fiel. É fácil ser cristãos durante as consolações espirituais, mas é no momento da aridez e das tentações que se vê se uma pessoa ama verdadeiramente a Deus. Muitos cristãos, nesses momentos de prova, abandonam ao Senhor e voltam aos enganos da vida mundana. Muitos deles tinham uma vida devota, não tanto por amor a Deus, mas, principalmente, por amor às consolações, e, logo que estas acabam, acaba também a vida devota deles.

Contudo, frequentemente, a “fraqueza espiritual” é causada por nós mesmos, por causa da “tibieza” provocada pelos pecados veniais praticados com plena advertência, os quais não matam a alma, mas a tornam “mole”, detendo, assim, o caminho da ascese espiritual.
O cristão deve se sentir como um soldado em permanente serviço efetivo na luta contra os inimigos da alma. Militia est vita hominis super terram[1] (Jo 7,1). Mas, se um soldado não treina para a luta, quando chega o momento da batalha, é derrotado pelos inimigos. O combate espiritual se vence mantendo-se sempre treinados. De que modo? Em primeiro lugar, evitando todos os pecados veniais plenamente advertidos, como as pequenas mentiras, as impaciências, os modos “rudes” com o próximo (principalmente com os familiares), a gula ao comer, a excessiva curiosidade, [a internet diária] etc.

Além da oração cotidiana, é importantíssimo fazer algumas mortificações, as quais ajudam a alma a se manter treinada no domínio da própria vontade. Por exemplo, renunciar, eventualmente, a comer uma bala, a usar o elevador ou o carro, a ouvir uma música, a ler com pressa uma carta que se acaba de receber [ou um e-mail que nos chama na tela do computador], a assistir a um filme lícito, a dar uma desculpa quando se recebe uma censura etc.

Quanto às tentações que a afligem, deve saber que estas batalhas são grandes ocasiões para ganhar méritos espirituais. Toda vez que uma tentação é vencida se da um grande passo adiante na vida espiritual. As almas com uma consciência delicada podem ficar tranquilas de não ter dado pleno consentimento às tentações até que sejam capazes de o poder jurar [que o cometeram]. Dou um exemplo: se o demônio a tenta com pensamentos de ódio grave e de vingança contra os que lhe fizeram mal, deve logo repelir estas tentações invocando os nomes de Jesus e de Maria, e, depois, deve se distrair pensando em coisas boas ou neutras. Uma alma delicada para cometer um pecado mortal deve pensar assim: “Este pensamento ofende gravemente Deus, eu sou plenamente consciente disto e, apesar disto, quero aceitá-lo plenamente com a minha vontade para deleitar-me nisso”. Eu sinceramente não penso que você tenha podido aceitar, com plena advertência e com deliberado consentimento, pensamentos gravemente pecaminosos, portanto a exorto a ficar tranquila. Além disso, lhe aconselho de não examinar escrupulosamente a consciência para verificar se tinha plena advertência ou se lhes deu pleno consentimento, porque, deste modo, chamaria de volta à memória aqueles pensamentos. Como lhe disse antes, as almas delicadas devem presumir que não cometeram nenhum pecado mortal se não são capazes de podê-lo jurar. Além disso, é bom precisar que não somos obrigados a confessar os pecados mortais duvidosos (sobretudo se se sofre de escrúpulos).

Caríssima em Cristo, espero de tê-la ajudado.

Aproveito a ocasião para lhe enviar as minhas mais cordiais saudações em Cristo Rei e Maria Mediadora de todas as graças,

Cordialiter




[1] “A vida do homem sobre a terra é uma luta”.

Tradução: Giulia d'Amore

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